Oclusão dentária: Qual a relação com disfunção da ATM?

Oclusão dentária: Qual a relação com disfunção da ATM?

Muito se fala em oclusão. O internauta que se põe a pesquisar sobre esse tema encontra informações contraditórias que vão aos extremos: de um lado vê-se sites e profissionais de saúde que  afirmam categoricamente que a oclusão é a responsável pelas disfunções da ATM e, do outro, profissionais que afirmam exatamente o oposto. Assim, faz-se mais que necessário ter este assunto abordado aqui no blog. Entretanto, devido à complexidade desse tema, dividirei em varias postagens, que poderão ser acessadas pelo marcador “oclusão” no menu de marcadores à direita do blog.

O que é oclusão?

Oclusão é o encaixe entre os dentes superiores e inferiores, ou seja, uma espécie de articulação dente-a-dente entre a arcada inferior, na mandíbula, e a arcada superior, na maxila que está presa ao crânio.

1. Onde começa a confusão

Historicamente, hipócrates foi um dos primeiros a relacionar dor de cabeça e presença de dentes na boca, entretanto (e dando um salto na história) foi nos anos 1900 que alguns profissionais começaram a relacionar os dentes, de uma forma mais sistemática, com as estruturas anexas: dentes, gengiva, ossos, músculos, ligamentos, articulação temporomandibular.

Nessa época, formou-se  uma linha de pensamento conhecida como escola gnatológica, que desenvolveu os primeiros articuladores (comentei algo sobre isso em uma  postagem anterior ) e algumas teorias mais elaboradas de como deveria ser a oclusão ideal e como esta deveria se relacionar com a posição dos côndilos (parte da mandíbula que compõe a ATM).

Classificação de Angle:  	 (A), Oclusão Normal; (B), má oclusão Classe I; (C), má oclusão Classe II; (D), má oclusão Classe III. Observe a posição da cúspide mesial dos molares superiores em relação ao molar inferior em cada tipo de oclusão

Classificação de Angle: (A), Oclusão Normal; (B), má oclusão Classe I; (C), má oclusão Classe II; (D), má oclusão Classe III. Observe a posição da cúspide mesial (na linha vertical) dos molares superiores em relação ao molar inferior em cada tipo de oclusão

Essa escola exerceu uma forte influência sobre a Odontologia moderna,  de modo que praticamente todas as especialidades giravam,  e boa parte ainda giram,  em torno da gnatologia em maior ou menor grau, devido às teorias como a da relação cêntrica (RC), maxima intercuspidação habitual (MIH), as chamadas “chaves de oclusão”, entre outras que você pode já ter visto ou ouvido por aí.  Nesta época também se pensava que os fenômenos oclusais poderiam explicar as disfunções da ATM principalmente após a publicação de um artigo relacionando problemas de ouvido, dor, zumbido e dentes pelo Dr. Costen, um otorrinolaringologista famoso (ou que talvez tenha ficado famoso justamente por este artigo!).

Continua…

Parte 2