Imagem de hemiface esquerda mostrando a placa metálica

Imagem de hemiface esquerda mostrando a placa metálica na eminência articular

O título desse tópico parece estranho, mas descreve algo realmente muito comum. Pessoas que sofrem com luxação recidivante da mandíbula ( conhecida popularmente como deslocamento do “maxilar“, deslocamento do queixo ou mesmo como  “cair o queixo”), frequentemente são tratadas com um tipo  de cirurgia que fixa uma placa metálica no osso que tem o objetivo de impedir o deslocamento do côndilo. Existe também outra forma de cirurgia na qual se remove uma parte do osso chamada de eminência articular, o que permite que a mandíbula desloque e retorne sozinha. Mas essas técnicas funcionam? Realmente resolvem a patologia da ATM que está provocando esta disfunção?

Sim, funciona. Quando bem feita, a cirurgia normalmente impede que a pessoa volte a deslocar e travar a mandíbula, mas não resolve o problema que produz o deslocamento e, frequentemente,  desencadeia ou agrava outros sintomas, especialmente uma dor de cabeça que é,  muitas vezes, erroneamente diagnosticada como cefaléia tensional e tratada com remédios para dor.

A imagem ao lado é de um paciente que chegou até a minha clínica com um quadro de dor de cabeça moderada, que incomodava bastante por ser de frequência diária e de longa duração. Ele havia feito, alguns anos antes, uma cirurgia para impedir o deslocamento da mandíbula que era frequente e que muitas vezes ele não conseguia colocar de volta no lugar sozinho e precisa ir ao hospital. A cirurgia, de fato,  impediu que a mandíbula voltasse a se deslocar e travar, mas desencadeou a dor de cabeça!

Mas, por quê isso acontece?

A razão para isso é que o deslocamento recidivante da mandíbula é uma sequela de um determinado tipo de artropatia da temporomandibular (ATM) que envolve uma espécie de discrepância entre o posicionamento da mandíbula e o funcionamento muscular, de modo que a cirurgia apenas evita a ocorrência da sequela, mas não faz com que os músculos voltem a funcionar corretamente. Assim, com o tempo, esses músculos se inflamam e começam a doer, principalmente os músculos temporais, gerando a dor de cabeça e/ou na face.

No entanto existem situações, como acontece em certas síndromes e em algumas doenças raras, em que ocorrem espasmos involuntários dos músculos da face que levam ao deslocamento/luxação da mandíbula e cuja única forma de tratar é, de fato, por meio de cirurgia.

Para os demais casos, onde não há espasmos produzido por síndromes neurológicas, é possível tratar de forma mais eficiente sem cirurgia, através de uma correção neurofisiológica da posição mandibular e tratamento da patologia da ATM. Assim, se você está passando por uma situação deste tipo e lhe for sugerido operar a ATM, é muito importante que você converse com seu dentista a espeito de outras opções mais modernas de tratamento e, também, se certificar de avaliar os riscos e benefícios da cirurgia mediante a situação geral de saúde de sua ATM.

Fique esperto!