Existem muitas linhas diferentes que lidam com as Disfunções da ATM, sendo as mais comuns baseadas nas escolas biopsicossocial e multifatorial, que atuam basicamente com placas miorrelaxantes/placas estabilizadoras, compressas, remédios e outros cuidados paliativos. Essas são técnicas que eu utilizava há quase dez anos quando comecei na área, mas que raramente utilizo atualmente e quando o faço é apenas eventualmente como técnica auxiliar, pois trabalho com o restabelecimento da saúde da ATM pelo prisma da patologia craniomandibular (vale a pena ler o tópico: Disfunção vs patologia para entender um pouco melhor sobre essa diferenciação).  Conheça um pouco mais sobre  as escolas biopsicossocial e multifatorial.

Os profissionais que seguem a teoria biopsicossocial, acreditam na idéia de que o estresse e outros fatores emocionais e sociais são os causadores das dores crônicas da ATM e logo o tratamento costumam ser à base de:

  • Jig - um dispositivo de uso nos dentes anteriores ( "front plateau")

    Correção de habitos ditos “parafuncionais”, como evitar morder objetos como lápis, caneta, cachimbo, etc.

  • Controlar o apertamento dos dentes, por vezes com placas como o NTI ou algum tipo de JIG. Alguns profissionais recomendam ao paciente espalhar bilhetes pelos locais de trabalho ou mesmo em casa, para lembrar a cada instante de afastar os dentes e, há ainda, quem indique colocar o relógio ou celular programado para, a cada 20 ou 30 minutos, lembrar a pessoa de não apertar os dentes.
  • Quando essas medidas não são o suficiente, normalmente encaminham o paciente para um psicólogo para a realização de terapia cognitivo-comportamental ou outra que tenha por objetivo melhorar os aspectos psicossociais.

Já quem segue a teoria multifatorial, costuma adotar as medidas mencionadas acima somada a uma abordagem baseada em uma classificação de diagnóstico que divide as disfunções da ATM em muscular e articular, sendo esta última composta por subníveis como deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução, artralgia, artrite e artrose. Essa linha de trabalho entende que a disfunção é um somatório de fatores (daí o nome multifatorial) normalmente descritos como fatores de risco, fatores agravantes e fatores perpetuantes da disfunção. O tratamento segue a lógica de que se eliminar os fatores, a disfunção também seria eliminada (ou controlada).  Assim, quando o profissional que segue essa escola diagnostica (ou melhor,  classifica) o paciente como portador de uma DTM muscular, ele costuma lançar mão das seguintes abordagens:

Infiltração em masséter

  • Termoterapia, que é a aplicação de compressas de calor ou frio (para alguns, se for frio o termo correto seria crioterapia) nas áreas de dor
  • Exercícios de amplitude de movimento com a mandíbula.
  • Placas miorrelaxantes e/ou  placas esbailizadoras, como a de Michigan em alguns casos.
  • Agulhamento seco nos músculos nos pontos de dor, os chamados pontos-gatilho (trigger-points).
  • Infiltração de anestésico ou outras substâncias como, por exemplo,  o botox.
  • O uso de spray frizante e alongamento dos músculos.

    Aplicação de terapia com compressa térmica

Quando o paciente é classificado como portador de DTM articular, outros recursos costumam ser utilizados e irão variar conforme a subdivisão que possuam (deslocamento de disco, artrite, etc.), por exemplo:

  • Corticoides e antiinflamatórios não-esteróides nos casos de osteoartrites.
  • Manobras de abertura forçada para aqueles com limitação causada por deslocamento de disco sem redução.
  • Aplicação de compressas de gelo (crioterapia).
  • Placa de Michigan naqueles com osteoartrose.
  • Placa reposicionadora para “recapturar” o disco (principalmente profissionais que tiveram forte influência gnatológica).
  • Infiltração de corticóide e/ou artrocentese para aqueles pacientes que essas medidas não funcionaram.

Esses tratamentos são aplicados nas mais variadas combinações, já que essas  classificações das DTM não se excluem mutuamente.
É interessante notar, que esse tipo de abordagem normalmente entende como sucesso a melhora na dor dos músculos ou da ATM e recuperação da abertura de boca, o que é uma forma muito simplista de avaliar a questão.

Por fim, é importante ter em mente que essas abordagens são bastante interessantes para boa parte da população, entretanto são muito limitadas em várias situações e nem todos melhoram com esses recursos, ou seja, existem um certo número de pessoas que não respondem a essas terapêuticas mas que podem ser tratadas se for identificada a patologia por trás da disfunção da ATM.

Eu, particularmente, não costumo usar essas abordagens atualmente, pois os avanços no conhecimento sobre patologia da ATM, permitem que possamos atuar de maneira mais específica e usar essas abordagens mencionadas apenas de forma complementar.  Se esse for o seu caso, pense a respeito do fato que ainda pode haver tratamento para você!