Nos tópicos anteriores, abordei uma das cirurgias mais conhecidas, mas que não é própria da ATM. Nesta continuação da série, o tema é a cirurgia para reposicionamento dos discos.

Deslocamento de disco da ATM

Deslocamento de disco da ATM

Na prática, a técnica consiste em fixar o disco no côndilo utilizando âncoras, na expectativa de que ele permaneça no lugar correto. Mas qual o grande problema deste tipo de cirurgia? A recidiva. Com freqüência o disco volta a se deslocar e a cirurgia falha. Por quê? Principalmente por causa da falta de um diagnóstico. Um disco não se desloca por vontade própria, nem por obra do acaso, mas sim por conta de alguma patologia que precisa se corretamente diagnosticada.

Se considerarmos o exemplo que já citei em outras postagens (o caso do deslocamento de disco associado a infecção bacteriana fica fácil entender que colocar o disco a força, fixado no côndilo, e não resolver o problema bacteriano associado, esse disco voltará a ter problema.

Além disso, as âncoras não funcionam exatamente igual aos ligamentos originais e portanto o funcionamento não é o mesmo de um disco saudável. Logo alterações histoquímicas do tecido do disco começam a acontecer levando muitas vezes a um processo degenerativo.

Isso explica a grande recidiva de problemas em pacientes operados para reposicionamento de discos.

Em particular, nunca recomendo cirurgia para reposicionamento de disco. Uma abordagem neurofisiológica do problema é normalmente o suficiente para obter bons resultados.

Em contra-partida, os casos mais difíceis que tenho visto, de se restabelecer um funcionamento saudável do sistema mastigatório, são os que já passaram por cirurgia da ATM, especialmente aqueles em que os discos são posicionados com âncoras metálicas.

Nestes casos, infelizmente nem sempre é possível voltar a uma situação 100% saudável, embora seja possível obter uma melhora que será sempre limitada pelas alterações que se seguiram à cirurgia.