Anquilose de ATM. Fonte: http://www.dmfiua.com/16.html

Uma anquilose pode ser definida como a fusão das superfícies articulares, ou seja, quando um osso se “solda” ao outro, sendo sua maior característica o fato da mandíbula ficar impedida de se movimentar. Esse tipo de distúrbio da ATM, afeta a mastigação, a digestão, a fala, a higiene e, quando ocorre durante a fase de crescimento, provoca uma deformidade da face (uma assimetria), que pode comprometer severamente a qualidade de vida.

Entretanto alguns profissionais consideram que a anquilose pode não ser uma fusão completa das duas partes ósseas e por isso desenvolveram uma classificação que considera a redução da mobilidade da articulação tanto por tecido ósseo quanto por uma fibrose ou a combinação das duas coisas.  Mas qual a importância disso? Bem, é através das classificações das doenças que são estabelecidas as diretrizes e os padrões de tratamento, logo,  a falha na classificação pode acarretar sequelas futuras para uma pessoa que possua esse tipo de problema.

Se a anquilose for por causa de tecido ósseo impedindo totalmente o movimento da mandíbula, apenas uma cirurgia poderá resolver, de fato, o problema. Por outro lado, quando há algum movimento da mandíbula, por menor que seja, significa que não há uma “fusão” óssea, embora, nessas circunstâncias, o formato do côndilo mandibular esteja, normalmente, deformado por uma artrose. Assim, se houver algum movimento, certamente será uma falsa anquilose (pseudo-anquilose) ou, segundo a classificação de Sawhney, uma anquilose por fibro-adesão e poderá haver a possibilidade de um tratamento não cirúrgico.

A figura abaixo mostra uma artrose severa já iniciando uma anquilose óssea do lado esquerdo do paciente (setas pretas, lado direito do leitor) e grande alterações do côndilo direito, sem sinais de anquilose óssea.

Fonte: Dentomaxillofac Radiol.

Após tratada cirurgicamente, a anquilose pode retornar em mais de 15% dos casos, isso significa que uma a cada seis ou sete pessoas que forem operadas de anquilose voltarão a ter o problema! Para se ter idéia de quão grave é essa estatística, basta pensar que se esse índice fosse o de mortalidade neonatal ou de morte durante uma cirurgia cardíaca comum, ninguém aceitaria!

Este alto índice  de recidiva à médio e longo prazo, nos tratamentos cirúrgicos se deve à dificuldade de se restabelecer a fisiologia e a biomecânica do sistema mastigatório após o procedimento, mesmo com sessões de fisioterapia. Uma vez que o sistema continue funcionando mal (com disfunção) e o processo artrósico prossiga, há uma chance muito grande do problema retornar e é nesse ponto que um tratamento à base de descompressão articular  e restabelecimento neurofisiológico da mandíbula poderá fazer a diferença.

Ao meu ver, a anquilose é uma consequencia de uma artrose severa não tratada a tempo, de modo que, necessita de uma tratamento muito mais complexo que apenas realizar a cirurgia, especialmente nos casos de pseudo-anquilose.

Fique esperto